20120609

1 semana

Pois bem, quanto pode mudar a sua vida em uma semana? TOTALMENTE.

Os últimos dias representaram a minha volta para o Brasil, para o sul do Brasil. Após 4 anos 7 meses e 8 dias, a minha experiência na Itália chegou ao fim.

Ainda não deu tempo de estruturar a vida por aqui e aquela até então realidade quotidiana não existe mais. A sensação é estranhíssima: ver o próprio apartamento ser esvaziado - os móveis eram todos meus e um transporte trans-oceânico não era o mais conveniente, economicamente falando - e o gostinho do dia-a-dia perdendo a sua identidade, parar totalmente com a rotina de ir trabalhar das 9h às 18h, não pegar mais o metrô (lotado!), não almoçar mais no baretto que praticamente tinha virado a extensão da minha casa com a simples e maravilhosa insalata de todo santo dia e o mais fundamental: não ver mais as pessoas com quem você está acostumado a passar todas essas horas, mesmo as mais irritantes e estressantes.
O fator positivo que não tem preço, é voltar para mais perto da família, não perder mais aqueles momentos simples e breves que só a proximidade pode oferecer. O que realmente importa é que o final não é necessariamente definitivo. Eu diria que acabou esse período de Master e pós-Master com um trabalho mais interessante ainda.

Tudo bem, talvez eu poderia ter escolhido uma outra ocasião para retornar pois acabei emendando dois invernos. A temperatura mínima nos últimos dias tem beirado o negativo, só que aqui no Brasil não existe calefação centralizada como em todos os edifícios europeus. O que nos resta é queimar lenha e botar fogo na lareira e no fogão a lenha, o que também tem o seu valor! Aconchego ao redor da lareira, tomando chimarrão e comendo pinhão: eis o charme do inverno gaúcho. 

Falando com uma amiga, também com muito tempo vivido no exterior, ficou a vontade de ter escrito as minhas primeiras impressões no meu retorno. Agora, querendo ou não, já estou me acostumando com os hábitos daqui e muitas das surpresas iniciais não estão mais presentes. Porém posso listar algumas coisas que fiz fatica:

Dizer obrigado em português: exigiu a minha concentração nos primeiros dias, já que a tendência é continuar com o bom e velho grazie
Chegar nos lugares e ao invés de dar oi, dizer ciao. E quando me despeço, seja pessoalmente ou por telefone, o ciao ciao ficou. Ao menos esse dá para entender. 
Antes de começar a comer, saudar a todos com o buon appetito. Esse eu espero não perder. Acho charmoso e bem educado.
Confundir os verbo ser e estar na frase, quando esses são auxiliares. 
Conjugações verbais ou a ortografia de algumas palavras... Ontem foi a vez da massagem. Achei estranha a palavra escrita. Parece mensagem. 
Discar o número do telefone inserindo o número da operadora. 
Cappuccino com chocolate e canela. 
As novas notas do Real e os preços altíssimos. Agora gastar 10 reais é como gastar 2 há cinco anos atrás. 
Ou então tentar pedir uma água natural ao invés de uma água sem gás no bar. 
Edifícios e jardins com grades... Em Milão ou o próprio edifício faz as vezes de grade porque é grudado na calçada, ou o jardim frontal é sem grades.
Paradas de ônibus sem o tempo de espera e poder comprar a passagem com o cobrador, dentro do ônibus!
Ter a sensação de ser de outro planeta quando tento falar com os outros, porque se percebe que o meu português não é mais daqui. Não sei dizer nem de onde ele é!

Agora aproveito o solzinho desse pré-inverno gaúcho para relaxar após o almoço com algumas imagens daqui. 

Um bom sábado a todos!

Onde me encontro exatamente agora.

o frio dos últimos dias. 

os meus últimos quase 5 anos em 6 malas. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário